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Escolas particulares de ensino
básico pedem a desoneração da folha de pagamentos para aumentar investimentos
em educação. Representantes das instituições negociam com o governo federal um
marco legal que os beneficie diretamente e pedem a inclusão dessas escolas na
emenda que trata da desoneração das instituições superiores de ensino privadas,
que está sendo discutida em comissão mista no Congresso Federal. De acordo com
a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), a desoneração
poderia gerar uma redução de 45% do valor das mensalidades.
A
discussão começa com a Medida Provisória (MP) 582/12 que permite a alguns
setores da economia substituírem a tradicional contribuição previdenciária,
equivalente a 20% da folha salarial, por uma contribuição baseada em alíquotas
de 1% a 2% da receita bruta, de 2013 a 2017. Com a aprovação da MP pelo
Congresso, uma nova medida visa a ampliar os beneficiados, a MP 601/12 estende
as desonerações a setores da construção civil e varejista, e, incluída a emenda
do deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), a instituições privadas de ensino
superior.
Nesta
quarta-feira (20), a comissão mista da MP 601/12 se reúne e as escolas privadas
pressionarão para a inclusão das instituições. "O governo é capaz de
estimular o consumo com a desoneração, por que não fazer o mesmo com a
educação? Os valores podem ser transformados em bolsas de estudo, em aumento de
salários ou mesmo na redução da mensalidade dos alunos", diz a presidenta
da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), professora Amábile
Pacios. Segundo ela, as escolas têm cerca de 70% do custo operacional em folha.
Representantes
das instituições de ensino superior acreditam que a inclusão das escolas de
ensino básico pode "complicar substancialmente". "É preciso
separar as duas etapas. As necessidades são diferentes e devem ser feitos
esforços diferentes para o ensino básico e para o ensino superior", diz a
diretora executiva da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Educação
Superior (Abraes), Elizabeth Guedes. A associação representa grandes grupos de
educação de capital aberto, como Estácio, Kroton, Devry Brasil, Anhanguera e
Laureate.
Em
relação ao ensino superior, Elizabeth diz que de 65% a cerca de 100% (no caso
das instituições filantrópicas) das receitas das empresas é direcionada para a
folha de pagamentos e que a desoneração representaria um aumento nos
investimentos de até R$ 1 bilhão no ano. Segundo ela, deveria haver uma
determinação legal de que esse investimento fosse feito em melhorias no ensino.
"Mesmo
que as instituições declarem, informalmente, que direcionarão os investimentos
para melhorias na educação, em nenhum momento se debate, dentro do projeto, a
destinação. Pela nossa experiência, isso não vai acontecer, [o investimento]
vai ser revertido em lucros para os donos das instituições, tanto no caso das
instituições de ensino básico quanto de superior", diz a
coordenadora da secretaria de Assuntos Educacionais da Confederação Nacional
dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), Adércia Bezerra
Hostin.
Também
esta semana, a Contee se reúne para calcular o que se deixaria de arrecadar com
as instituições de ensino básico. Em relação às de educação superior, a
confederação informa que são beneficiadas com uma série de isenções. Com a Lei
12.688/12, com o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das
Instituições de Ensino Superior (Proies), as instituições podem renegociar as
dívidas tributárias com o governo federal, convertendo até 90% do débito em
bolsas de estudo, reduzindo o pagamento em espécie a 10% do total devido. As
instituições puderam trocar R$ 25 bilhões em dívida por cerca de 560 mil bolsas
de estudo. As renúncias fiscais com a adesão ao Programa Universidade para
Todos (ProUni) devem chegar a R$ 1 bilhão, em 2013.
Por Agência Brasil
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