A pesquisa intitulada "Construindo a identidade cultural de General Maynard", do professor Manoel Henrique Júnior do Colégio Estadual Maria Conceição de Santana, unidade escolar circunscrita à Diretoria Regional de Educação 4 (DRE 4), em menos de um ano de realização já conquistou visibilidade internacional e gerou bons resultados. Na próxima quarta-feira, 18, o docente apresentará o estudo em Buenos Aires, Argentina, durante a I Jornada Latino Americana de Professores de História e no dia 21 de novembro - data que se comemora o aniversário do município - será lançado um livreto, fruto do estudo, onde constarão os registros da história da localidade.
Nascido na cidade vizinha, Maruim, que também faz parte da região do Vale do Cotinguiba, professor de história há mais de 10 anos, Manoel Henrique fala com orgulho acerca dos resultados do projeto e ressalta que a partir da implantação do ensino médio inovador - com as atividades da disciplina com eixo na pesquisa - pôde concretizar este estudo.
"Já estou há três anos na unidade escolar tentando realizar este trabalho, somente em 2017 com a implantação do novo modelo de ensino foi possível realizar esta pesquisa porque temos um projeto específico sobre iniciação científica. O objetivo, como educador, é despertar essa consciência cidadã em relação à própria comunidade onde este aluno está inserido para que possa mudar para melhor a sociedade", destaca.
Ainda conforme observa o docente, são os educandos que estão construindo a história da região "O que estamos fazendo é importante pelo pioneirismo. É muito empolgante enquanto professor perceber que, gradativamente, os alunos estão se reconhecendo como parte integrante da história local", reforçou ao comentar que no momento em que os jovens passam a ter conhecimento dos fatos, sentem orgulho de fazer parte daquele espaço. "Estamos conseguindo com este projeto trazer a própria comunidade de General Maynard para dentro da escola, isso muda bastante a dinâmica do espaço escolar", explica.
Pesquisa e procedimentos metodológicos
A pesquisa conta com o envolvimento e atuação ativa dos alunos. Antes de iniciar as atividades, os jovens participaram de uma oficina para saber de que forma iriam abordar os moradores mais velhos do município para obter as informações acerca da história da localidade. Estas informações, por sua vez, estão sendo transformadas em conhecimentos.
Como educador, Manoel Henrique Júnior sente que o mais enriquecedor desta pesquisa é despertar o olhar destes estudantes como pesquisadores, agentes sociais do ambiente onde estão inseridos. "O grande trunfo deste projeto é a possibilidade de ressignificar a própria realidade destes estudantes e fazê-los encarar a cidade com outros olhos ", afirma o pesquisador.
O docente explica que esta pesquisa além de ser qualitativa - utilizar como método a história oral- também pode ser considerada quantitativa, pois, inicialmente foi feito um questionário levantando dados para entender melhor as características da população. "Utilizamos o colégio como amostra da cidade, temos informações como a renda e o grau de escolaridade dos pais destes alunos. Nesta perspectiva, passa a ter um conhecimento acerca da conjuntura histórica, social, política e econômica da cidade e, a partir disto, desperta nos estudantes o sentimento de pertencimento", esclarece.
Transformação e conhecimento
Dessa maneira, as informações colhidas estão sendo transformadas em conhecimento. "Este trabalho será utilizado para futuras pesquisas. Estamos construindo uma base de dados para que outros docentes e discentes possam utilizar este conteúdo que apresenta uma abordagem sobre a história da cidade", comenta o pesquisador.
O professor defende que a história local está interligada com a regional, com a nacional e internacional. Para ele as aulas de história só fazem sentido quando os alunos conseguem contextualizar com a própria região onde vive "A partir do momento em que os discentes tomam conhecimento dos fatos, ele passa a ter a consciência de que não é só um guardador de uma memória, mas também é o responsável por perpetuar este conhecimento".
Segundo Manoel Henrique Júnior, o objetivo real da educação é que os alunos se percebam como agentes ativos. Assim, eles passam a gostar e se preocupar mais com aquela sociedade. "Ressignifica não só o olhar da cidade, mas também do espaço escolar. Eles começam a compreender que a escola é um espaço de construção social, produção cultural e onde é exercida a cidadania", argumenta.
Protagonismo juvenil
De acordo com o educador, o ensino médio inovador já é um modelo sinônimo de sucesso, conta com resultados exitosos e promove o protagonismo juvenil. "Quando os alunos têm contato com o universo da pesquisa, um olhar mais crítico é despertado e percebem que a ciência não é algo tão distante da realidade dos mesmos", enfatiza.
O jovem Márcio dos Santos, aluno do 1° ano, relembra que antes da participação na pesquisa não gostava da cidade. "Não irei medir esforços na busca das informações perdidas da história do meu município. As atividades e as aulas estão proporcionando um gostar a mais da localidade. Hoje tenho orgulho de fazer parte de General Maynard. Nós, a juventude, temos que registrar a história da cidade ", comentou ao declarar que todo conhecimento adquirido compartilha com os amigos e familiares. "Com essas pesquisas o que mais me marcou foi saber que a minha família foi uma das primeiras a chegar em General Maynard. Sou descendente de um grupo de quilombola que veio de Alagoas. Estou descobrindo algo também a respeito da minha história e dos meus ancestrais", ressalta Márcio dos Santos.
A coordenadora pedagógica do ensino médio inovador, Elenildes Santos da Silva, reconhece que o modelo de ensino incentiva o protagonismo e ainda aproxima os jovens do universo científico. "O trabalho realizado por Manoel Henrique Júnior reflete como uma realização para todos nós professores. A nossa cidade é carente de documentação oficial sobre a nossa história e, por isto, os alunos não se reconheciam com General Maynard. Dessa forma, esta pesquisa se mostrou de extrema importância para os alunos se reconhecerem e se identificarem com o local onde vivem", finaliza.
Por Lívia Lessa/SEED
Foto: Eugênio Barreto/SEED
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