Criado em 1877, o Gabinete de
Leitura de Maruim completa 142 anos de fundação nesta segunda-feira
(19). Uma pequena reforma está em execução no prédio do
“majestoso”, como é conhecido o Gabinete, por intermédio da
somação de recursos da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo,
do Ministério Público e do Tribunal de Justiça com apoio da
Academia Maruinense de Letras e Artes.
Em
1836, com a instalação da
alfândega
pelo então
presidente da
Província de Sergipe,
o Barão de Cotinguiba, Bento
de Melo Pereira, a
Vila de Maruim tornou-se um importante centro econômico da
região. O crescimento atraiu investidores europeus com a fixação
de consulados da
Alemanha, Inglaterra, Noruega e Suécia; e vice-consulados Nápolis
e Áustria. O cônsul alemão
Otto Schramm, um
dos grandes mentores do Gabinete de Leitura de Maruim, integrou
a primeira diretoria da
instituição privada, que
nascia
como grande difusora dos
ideais liberais, abolicionistas e republicanos, segundo
o professor Dênio Azevedo. O
livro Cartas de Maruim, do
Núcleo
de Cultura Alemã de Sergipe, da Universidade Federal de Sergipe,
destaca
mensagens trocadas entre Otto
e sua tia Adolphine Schramm,
onde
se revelava
a posse de um rico acervo,
que provavelmente foi
transferido posteriormente para a
criação do Gabinete de
Leitura.
Segundo
historiadores, os Gabinetes
de Leitura foram introduzidos no Brasil pelos portugueses. Rio de
Janeiro, Pernambuco e
Bahia inauguraram
os primeiros gabinetes.
Em
Sergipe, os estudos registram
a existência dos gabinetes
de leitura de
Laranjeiras,
Riachuelo, Tobias Barreto e Maruim. Este
último
que
permanece sendo o guardião da cultura maruinense
há
142 anos.
Os
gabinetes de leitura surgem
como herança europeia,
inspirados
nas casas francesas, que
emprestavam livros com
a intenção de difundir
a leitura.
Duas
estátuas, uma de Clio e outra de Minerva se
integram ao projeto
arquitetônico de Corinto Pinto de Mendonça, onde
o prédio do Gabinete de
Leitura está situado na
Praça Barão de Maruim. Local
de discursos
feitos por grandes oradores
da história sergipana, dos
quais destacam-se Tobias
Barreto, Fausto Cardoso, Deodato Maia, Thomaz Cruz, Clodomir Silva,
Felisbelo Freire, Homero de Oliveira, Otto Schramm, José Quintiliano
da Fonseca, Gumersindo Bessa, e
Pe. Leonardo Dantas. O
Gabinete de Leitura de Maruim registrou em seu
acervo importantes obras de
Voltaire, Rousseau, Júlio
Verne, Michelet, Balzac, M. A. Thiers, Antônio Feliciano de
Castilho, Frédéric Soulie, I. F. da Silva e L. A. Rebello da Silva,
Sebastião da Rocha Pitta e
Visconde de Taunay.
A
professora Maria Lúcia Marques Cruz e Silva destaca a Revista
Litteraria,
que pertencia ao Gabinete de Leitura de Maruim, cujo objetivo era
divulgar a instituição e
difundir o gosto pela leitura. O órgão foi um importante canal de
interesses dos intelectuais, opositores do poder público. A revista
circulou no período de 1890 a 1891.
Por sua
importância, o Gabinete de Leitura foi reconhecido como Utilidade
Pública Federal em 1º de outubro de 1919, através do Decreto nº
3.776, assinado pelo presidente da República, Epitácio Pessoa, por
intermédio do deputado federal Deodato Maia. Desde 1992, o Gabinete
de Leitura foi municipalizado pelo então prefeito de Maruim, Murilo
Mota de Oliveira, que o transformou em Biblioteca Pública Josias
Vieira Dantas.
Lançamento
No
dia 27 de agosto de 2019, a presidente da Academia Maruinense de
Letras e Artes, Maria Lúcia Marques Cruz e Silva, vai lançar o
livro intitulado “Maroim” (1836-1891), no Gabinete de
Leitura de Maruim, como parte das comemorações pelos 142 anos de
fundação.
Por
Keizer Santos, da Ascom/Prefeitura de Maruim
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